Segunda-Feira, 18 de Janeiro de 2021
Como se associar?Clipping
30/03/2013 às 07:50
Escrito por: Redação
Fonte: O Globo Online
Diretora da Ancine desde junho de 2011, a mineira Vera Zaverucha foi cogitada até o fim do ano passado como possível substituta de Manoel Rangel na presidência do órgão regulador. Diante da confirmação da presidente Dilma Rousseff e da ministra da Cultura, Marta Suplicy, de que Rangel poderá ser reconduzido ao posto em maio, para um terceiro mandato sucessivo, Vera fala ao GLOBO sobre o voto de minerva, prerrogativa dada ao presidente do órgão, e sobre as brechas no estatuto da casa.
Qual sua opinião sobre o terceiro mandato de Manoel Rangel?
No meu entender, a oposição existente ao terceiro mandato na diretoria da Ancine não é uma questão política e sim técnica e jurídica. Não está em discussão o mérito da gestão do atual presidente. Inclusive porque, se há mérito, isso se deve ao colegiado e principalmente ao corpo técnico da agência.
Os servidores da Ancine dizem que a independência da agência corre risco...
Agências reguladoras são autarquias especiais com independência político-administrativa, financeira e poder normativo e fiscalizatório. Sua autonomia é estabelecida para que elas possam atuar de maneira eficiente na fiscalização e na regulação da economia no setor de sua competência. Destaque-se nisso a independência decisória do colegiado, já que seus dirigentes são nomeados com mandatos não coincidentes, independentes do ciclo eleitoral, evitando assim influências do governo e do setor regulado.
O que a senhora acha da lei de criação da Ancine?
As leis que regulam diversas agências federais, de uma forma ou de outra, garantem o mandato de quatro anos admitindo somente uma recondução (ao posto de presidente). É fato que há uma brecha na lei de criação da Ancine. Ela deve ser corrigida para que não se perca aquilo que eu digo ser o espírito de uma agência reguladora.
Em que pé estão as relações de força dentro do colegiado da Ancine?
A existência de somente quatro diretores no colegiado é uma lamentável distorção pela existência do voto de minerva, que pode ser exercido pelo presidente. A utilização desse recurso enfraquece a força do diálogo e da argumentação — quem perde é o mercado, e a população.
Qual o problema com o voto de minerva?
Se temos quatro diretores, devemos discutir até que consigamos estabelecer a maioria nos votos presentes. Um diretor votar duas vezes em um grupo de quatro pessoas é o mesmo que começar um jogo com o placar de 1x0! Não me parece uma prerrogativa democrática.