Escritor sem liberdade de expressão não há direitos
A Feira do Livro de Frankfurt, considerada a maior do mundo no setor e inaugurada oficialmente na última terça-feira (13/10), trabalha numa edição marcada pela política e assuntos como a defesa da
liberdade de expressão, o mundo islâmico e a crise dos refugiados.
De acordo com O Estado de S. Paulo, durante a manhã, o escritor britânico-indiano Salman Rushdie participou de uma conferência para a imprensa sobre a liberdade de expressão. Ele foi ameaçado de morte pelo regime iraniano em 1989 por conta de seu livro “Os Versos Satânicos”, considerado blasfemo por muitos muçulmanos.
O Irã não gostou do convite, afirmou que boicotaria o evento e sugeriu que outros países muçulmanos fizessem o mesmo. "A liberdade de expressão é inegociável", respondeu Juergen Boos, presidente da feira, no início da semana.
Durante o encontro, Rushdie ressaltou que sem liberdade de expressão não há direitos."Nós não deveríamos ter de falar sobre isso no Ocidente. Deveria ser como o ar que respiramos. Me parece que a batalha foi vencida algumas centenas de anos atrás e o fato de estarmos lutando novamente é resultado de um fenômeno recente lamentável", declarou.
O escritor ficou escondido durante anos após a fatwa, sentença de morte, do então líder iraniano, aiatolá Ruhollah Khomeini. Porém, voltou a frequentar eventos públicos nos últimos anos e participa da feira para divulgar o livro.
Mais tarde, participaram do evento a ministra da Cultura da Alemanha, Monika Grütters, o prefeito de Frankfurt, Peter Feldmann e o presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros, Heinrich Riethnüller. Eles trataram sobre as responsabilidades de editores e escritores e como a literatura pode colaborar para receber os refugiados.
"Provavelmente, apenas a literatura é capaz de mexer nos limites: expandindo o que podemos pensar e imaginar, abrindo mundos para além do horizonte de nossas experiências, ampliando as fronteiras de nossa empatia ao nos ajudar a nos familiarizarmos com o desconhecido e, assim, nos permitindo sentir o que o outro sente", comentou Grütters.