Palestrantes destacam crescimento do uso de IA e consequências laborais
Nesta quarta-feira,10, se encerra o quinto Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (ENDC), no Sindicato dos Bancários, em Fortaleza (CE). Compuseram a mesa do dia, Tadeu Porto, do Fórum das Centrais Sindicais, Samira Castro da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), Caroline Coelho, da Confederação Sindical das Américas (CSA), Adriana Marcolino, do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), José Vital, do Fórum IA com Direitos e Atahualpa Blanchet, do Conselho Nacional de Direitos Humanos(CNDH). As falas abordaram a promoção ao uso crítico de IA e legislação regulatória.
Por Alice Almeida Guilherme para o FNDC
Adriana Marcolino iniciou o painel destacando o caráter indissociável do avanço tecnológico e a exploração trabalhista, “Temos a oportunidade de intervir nessa realidade, à partir de investimentos públicos e regulação, para que a tecnologia se oriente para a melhoria da vida. A IA tem o potencial de alterar processos produtivos, oferta de serviço e relações econômicas”, ela revela ainda que as previsões indicam que as IAs vão afetar cerca de 1/4 dos postos de trabalho, no mundo, segundo a OIT(Organização Mundial do Trabalho).
O pesquisador Sérgio Amadeu destacou o uso crítico das ferramentas digitais e correlação com o impacto ambiental “Os algoritmos são rotinas logicamente encadeadas, que funcionam em mega data centers, gastando uma energia brutal, funcionando em massa”, expõe.
Caroline Coelho ressaltou a luta dos trabalhadores por melhores condições nos trabalhos plataformizados, que não são uma realidade apenas para os aplicativos de entrega, por exemplo, e tem cooptado também a realidade de outros empregos, como a Pedagogia e o Direito, sujeitando diversos campos à lógica algorítmica, “A precarização virou uma regra. A concentração de poder nesse nicho tem afetado inclusive nossa forma de nos organizarmos enquanto movimentos sociais, devido aos bloqueios de contas”, denuncia.
Atahualpa Blanchet frisa a subordinação das relações de trabalho à gestão algorítmica e alerta inclusive, para essa influência antes da entrada no mercado de trabalho “vemos uma quantidade de vieses, de gênero, raça e idade, já nas plataformas de recrutamento, onde você é descartado, privilegiando determinados perfis”
José Vital comentou destaques da mídia que mostram mudanças práticas no mercado de trabalho, exibindo manchetes e propagandas que confirmam uma progressiva substituição da mão de obra humana pela IA, “com a globalização, esse é um processo que não vai demorar a ser uma realidade geral”, além de ressaltar a que as IAs estão dobrando de capacidade a cada três meses, segundo dados da NVIDIA, empresa que detém grande parte dos investimentos no ramo .
Tadeu Porto, secretário-adjunto de Comunicação da CUT, comentou a influência das ferramentas no controle de narrativas midiáticas, no contexto da luta de classes “temos de tomar as rédeas da ruptura que vem aí”, fala.
Samira Castro terminou falando sobre a exigência de múltiplas funções e a hiperconexão que a vida cotidiana atual impõe, a quem trabalha no setor de Comunicação, “Para nós jornalistas, a tecnologia não foi usada para geração de empregos e por produzirmos jornalismo de uma forma mais barata, de certa maneira, nos impõe o ‘não-limite'”, diz, reforçando o caráter cada vez mais contínuo gerado por esta excessiva conexão.
O quinto encontro reuniu cerca de 300 pessoas entre os dias 8 e 10 de setembro em Fortaleza (CE). Os debates seguem disponíveis no YouTube do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).